Tuesday, September 05, 2006

Video On Demand: Uma Realidade?

O Jony Marcon, ouvinte do 91 Minutos pergunta por e-mail se o Video On Demand (VOD) não seria uma alternativa para distribuição de vídeos ao mercado. Como conceito, ele é muito bom, pois permite que você compre uma ou várias exibições de um vídeo em sua casa (ou onde você tiver um ponto de acesso autorizado), à hora que você quiser, no dispositivo que você achar conveniente.

O Video On Demand é uma grande promessa à cata de um mercado. As tentativas feitas esbarram na tecnologia existente na recepção, que torna difícil o não-armazenamento. E também na legislação vigente na mioria dos países, Brasil inclusive.

Dispositivos como o TiVo e similares conseguem passar por cima da maioria das plataformas VOD e registram cópias não autorizadas e/ou eliminam comerciais que, em tese, poderiam ajudar a custear a distribuição.

Outro problema está nos canais de distribuição. Uma coisa similar -mais antiquada, mas similar- existente hoje é a estrutura de TV por assinatura, que oferece alternativas já incluidas no preço mensais e os pay-per-view. Fica difícil você selecionar um distribuidor por assinatura que tenha ofertas minimamente equivalentes a um Blockbuster, por exemplo.

O fato é que o VOD não "pegou" ainda no principal mercado mundial, os Estados Unidos. E ele foi concebido dentro dos princípios libertários e democráticos da distribuição universal, e isso não se materializou. Ainda.

O que muitos analistas -inclusive este que vos escreve- acreditam é que quando a banda da internet permitir a distribuição de vídeos de alta definição, como ocorre na Coréia e no Japão, por exemplo, essa forma será bem mais viável. Existem pequenas empresas que já vendem vídeos por demanda nesses países, mas, por enquanto, majoritariamente de distribuidoras independentes e de origens não muito conhecidas de nós, como os próprios Japão e Coréia, mais Malásia, Cingapura, Índia e Vietnam. Mas é um mercado enorme, se você considerar as populações e o acesso à Internet.

A TV via internet vai demorar mais uns anos, e hoje só depende de órgãos reguladores para ser viável. Mas, a julgar pela pauleira do leilão do WiMax, suspenso ontem pela justiça por pressão de grupos interessados em manter cartéis, a coisa vai longe. Nesse caso, um palpite meu, não uma predição: a coisa rola na justiça, as operadoras de telefonia, excluidas desse baile ingressam contra e a coisa acaba liberada para elas, barradas que foram do mercado de TV Digital, em outra decisão errada dos reguladores.

Monday, September 04, 2006

Orkut: Página Virada?

As recentes investidas do Ministério Público brasileiro sobre o Google Brasil, tentando obter dados sobre comunidades e membros do Orkut que tratam de assuntos como pedofilia, tráfico de drogas e outros temas inadequados vem trazendo ao centro do debate sua efetiva viabilidade como uma ferramenta de relacionamento via internet.

Isso vem secundado por uma série de problemas detetados por usuários e mesmo pela polícia, e é raro o dia que não se relata uma ação perversa derivada de uma página no Orkut.

O termo "orkuticídio" já é de uso comum entre os internautas, e significa simplesmente deletar um perfil do Orkut. Se a moda pega, o Orkut pode ser condenado ao limbo da internet, virando algo irrelevante e apenas mais um caso de sucesso meteórico, sem futuro algum.

Mas afinal, vale a pena cometer um orkuticídio? Eu acho ainda prematuro, pois na minha visão, comunidades de relacionamento têm mais vantagens do que desvantagens. Resta, talvez, redefinir a maneira de participar desses sites.

No tópico Perfil, por exemplo, reside a maior atenção. Como primeira premissa, deixe em seu perfil apenas as informações que você partilharia publicamente com qualquer pessoa ou grupo de pessoas. Nada de telefone celular, msn, endereços de e-mail. Isso pode vir numa segunda etapa, e só com as pessoas que você realmente venha a confiar.

Em seguida, cuide das comunidades que você participa. Muitos departamentos de RH e head-hunters vão ver seu perfil no Orkut. Evite aquelas que tratam de pornografia, ou as tipo "Eu odeio..."

Outra coisa importante: não existem anônimos na internet. Assim, não crie perfís frios, para tentar se divertir um pouco. Ao contrário do que pode parecer, esses perfís podem ser identificados e, se você fez algo errado, pode se voltar contra você, tanto sob a lei brasileira como de qualquer país onde alguém se sinta prejudicado.

Para completar o raciocínio, o Orkut é um fenômeno na internet menos por ser um fenômeno na área de relacionamento e mais porque é um caso inédito de sucesso no Brasil, visto que cerca de 80% de seus membros são brasileiros. Na média, somos menos de 2% dos internautas no mundo, e nunca houve caso de um produto gerado no exterior ser dominado por brasileiros. Precisamos dar uma car aboa para o Orkut, e um pouco de disciplina e bom exemplo farão muito bem para todos nós.

Provavelmente, o Orkut será superado a médio prazo, como site de relacionamento. Mas seria ruim sua saída abrupta do mercado, o que nos obrigaria a usar outras formas de comunicação pela internet, qualquer que seja ela sem esse sabor tipicamente brasileiro.